quarta-feira, 25 de julho de 2007

Pré-Reformadores



Pré-Reformadores

Quem são os “reformadores” da teologia da chamada “Idade das trevas”? O primeiro nome a surgir na lembrança dos católicos, evangélicos, protestantes e historiadores é a figura de Martinho Lutero, por quê? Foi ele na verdade o precursor da reforma? O seu idealizador? Muitos fatores contribuíram para que o seu nome torna-se o único ícone aos olhos da igreja contemporânea. Vejamos alguns nomes e figuras que a mais de 100 anos antes de Martinho Lutero contribuiu para a Reforma Protestante, apesar de seus nomes não figurarem entre os nomes mais conhecidos, eles deixarem um legado que até o próprio Martinho Lutero fez reconhecimento.

João Wycliff
Pouco se sabe da infância iate mesmo de sua origem, nascido em 1320 e que viveu em uma pequena e típica aldeia da Inglaterra, e que a maior parte da sua vida passou na universidade de Oxford, onde demonstrou ser um homem de inteligência acima da média de seus conterrâneos e colegas de universidade. Já em 1377 entra em conflito com clérigos contemporâneos por não concordar com a teologia vigente e isto à 106 anos antes de Martinho Lutero Ter nascido. Sua forma de ver a verdade bíblica, demonstrava um conhecimento aprofundado e uma visão das necessidades de se fazer uma reforma na igreja Romana. O que mais nos impressiona e sua teologia, tais como:

· A autoridade das Escrituras;
· As Escrituras pertencem à igreja (mediante esta convicção foi-se traduzido as Escrituras para o vernáculo);
· A igreja é um conjunto de predestinados.

Após a morte de Wycliff, seus discípulos continuaram ensinando sua teologia, conhecidos como lolardos; estes ensinaram também, claro, inspirados no seu mestre:

· O Evangelho de Cristo é a única origem da verdadeira religião;
· Que não há nada no Evangelho que mostre que Cristo estabeleceu a missa;
· Que o pão e o vinho, ainda depois de consagrados, ficam sendo pão e vinho;
· Que os que os entram para os mosteiros ainda se tornam mais incapazes de observar a ordem de Deus;
· Que a penitência, a confissão e a extrema unção, não são precisas, nem se fundão nas Escrituras Sagradas.

Tais ensinos não poderiam ser aceitos e muito menos tolerados pelas autoridades eclesiásticas da época, conseqüentemente, ouve perseguições e inúmeras vitimas da intolerância religiosa. Ignorar a contribuição deste homem e seus “discípulos” para uma consciência reformadora é subestimar a operosidade de Deus em todas as épocas.

João Huss
A consciência de que a teologia em voga não estava em ressonância com os ensinos bíblicos – não era particular ou restrita a um período da historia. Mas, como um espinho que fere a boa consciência ou a consciência comprometida com a verdade revelada.
Por volta de 1370 nasce em uma família camponesa da pequena aldeia de Hussinek na Boêmia João Huss. Após ingressar na universidade, mostra ter eloqüência e espírito reformador em total independência à reforma pregada por Wycliff, apesar de reconhecer as verdades ensinadas pelo mestre de Oxford. Em meados de 1402 após assumir a reitoria e a capela de Belém, Huss inicia uma serie de sermões voltados para a necessidade da reforma. Após inúmeras peripécias em torno da necessidade da reforma, Huss é condenado como herege e queimado vivo, deixando uma frase que ecoa nos corações: “Entrego minha causas nas mãos do Justo Juiz, Jesus Cristo!”. Assim como seu antecessor, Huss foi vitima da intolerância e da ma vontade do poder eclesiástico vigente. Seu único desejo, realizar as necessárias reformas na igreja Romana. Huss era um homem apaixonado e comprometido com os ensinos verdadeiros do Nazareno. É evidente que dentro de sua teologia existia elementos contraditórios, no entanto, ele estava convencido da autoridade inquestionável das Sagradas Escrituras. Foi mais um grande homem que precedeu os “quase” reformadores do século XVI. Sua importância é inequívoca, indubitável, inquestionável e inexorável para os que concluíram a Reforma Protestante.

Jerônimo Savonarola, João de Wessália e João Wesselus
Seria injusto não nos referirmos a estes três homens como contribuintes com a teologia da Pré-Reforma por sua coerência com os ensinos bíblicos. De forma resumida vejamos seus ensinos:

Savonarola
· Pregador reformador;
· Denuncia o papa;
· Ataca os vícios do clero;
· Denuncia o aspecto deplorável da vida espiritual do povo.

Wessália
· A salvação se obtinha pela graça;
· A peregrinação, os jejuns, a extrema unção etc., de nada aproveita á alma;
· A Palavra de Deus é a única autoridade em matéria de fé.

Wesselus
Não sofreu muita perseguição durante sua vida, apesar de seu ensino ser contrario ao procedimento e às incoerências de Roma. Lutero, no século seguinte, manifesta a sua surpresa de que os escritos de Wesselus fossem tão pouco conhecidos, e falou dele como sendo um homem de admirável inteligência e espírito invulgar, evidentemente ensinado por Deus. Lutero escreve: “Se eu tivesse lido as suas obras há muito tempo, os nossos inimigos poderiam supor que eu tinha aprendido tudo com Wesselus, tal é a perfeita concordância nas nossas opiniões... Agora não posso duvidar de que tenho razão nos pontos que tenho indicado, vendo um tão grande acordo nos sentimentos, e ate quase as mesmas palavras empregadas pelo aquele grande homem, que viveu numa outra época, num país distante, e em circunstância muito diferente da minha”.
Wesselus morreu cheio de honras aos 70 anos, confessando no seu último suspiro a imensa satisfação da sua alma, por que “tudo o que ele conhecia era Jesus Cristo crucificado”.
Isto teve lugar no ano de 1489. Lutero era então uma criança de seis anos.
Injustiça e demasiados atributos têm-se cometido por historiadores e evangélicos, não temos a pretensão de alijar ninguém de suas merecidas “honrarias” e reconhecimento de sua contribuição à Reforma Protestante, ou revestir alguns de reconhecimento indevido. No entanto, a historia e os documentos que a sustentam, são as evidencias de que a Reforma Protestante foi também fruto de homens abnegados pela reforma teológica, eclesiástica como da vida de uma geração mergulhada na “Idade das Trevas”. Estes homens, que poderíamos chamar de pré-reformadores, chegaram a dar a suas vidas por estarem convencidos e convertidos à autoridade suprema das Escrituras Sagradas. Uma teologia que estava à frente de seus contemporâneos e ate poderíamos dizer que, à frente de alguns reformadores. São muitos os nomes que deveriam estar lado a lado a de Matinho Lutero, João Calvino e Úlrico Zwínglio, todos cumpriram com uma missão especifica para um fim único nos planos de Deus. Onde um falhou, havia o que iria fazer as correções e adaptações necessárias que culminou na teologia Evangélica de nossos dias. O dogma de nossa teologia não deixa de ser um apanhado das melhores “inspirações” dos reformadores a partir da “Idade das Trevas”.

Valmir Alves – 2003

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