terça-feira, 24 de julho de 2007

Unidade da Igreja... Bênção ou Maldição?


Unidade da Igreja... Bênção ou Maldição?

Há muita exortação na Bíblia para que se mantenha o espírito de unidade na igreja. Por exemplo: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões...” (1Cor 1.10). “Esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz...” (Ef 4.3). devemos estar firmes “firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Fp 1.27). Jesus Cristo orou pela unidade dos seus seguidores (Jo 17.21), dizendo que esta união seria perante o mundo uma confirmação de Sua missão de Salvador. O apóstolos Paulo procurou a todo instante manter o espírito de união na igreja, seja entre grupos ou entre indivíduos (2 Cor 13.11; Fp 4.2,3). Quando havia espírito de união na igreja, ela tinha grandes vitórias. “Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.46,47). Quando havia discórdia dentro da igreja, ela se tornava carnal e infrutífera (1 Cor 3) o Salmista disse: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o SENHOR a sua bênção e a vida para sempre” (Sl 133).
Sem nenhuma duvida, a união entre irmãos é algo bom e agradável, algo belo e atraente, que alegra o nosso Deus. Uma benção!
Paradoxalmente, a união tem sido, e ainda pode ser uma das grandes maldiçoes da igreja. Quando a união se torna um fim em si, quando manter a união torna-se mais importante do que manter a integridade daquilo que nos une, em vez de ser uma benção para ajudar a igreja, a união acaba destruindo a igreja.
A história nos mostra que a verdadeira igreja, o corpo de Cristo, foi preservada pelos homens que romperam com a união da igreja organizada. Desligaram-se da igreja (na sua estrutura organizada e dirigida por homens) para manter viva a Igreja (no seu sentido de corpo – a soma de homens e mulheres redimidos pela obra expiatória de Cristo). Desligaram-se não por rixas pessoais, questões políticas ou filosóficas, mas por profunda convicção baseada na Bíblia, a Palavra de Deus.
Quem hoje negaria o fato de que foi o rompimento de Lutero com a igreja organizada (e, como organização a Igreja Romana era muito unida nessa época) que manteve viva a Igreja verdadeira de Cristo? Mais tarde, no século XVIII, Whitefield e Wesley romperam com a união da Igreja Anglicana, bem organizada, mas espiritualmente morta, e o resultado foi a formação da Igreja Metodista, que manteve viva a chama do Evangelho com salvação de milhões. No século XIX, ainda na Inglaterra, o famoso pregador C. H. Spurgeon desligou-se da União Batista, então a maior força evangélica britânica. Ele fez porque havia muitos pastores batistas que aderiram à alta critica da Bíblia, e já não criam na inerrância das Escrituras, nem se quer, na regeneração do pecador pela fé em Cristo. Havia somente um ponto de em comum entre eles, o batismo pela imersão, o qual Spurgeon considerou insuficiente para manter a união. Hoje a expressão batista ma Inglaterra é muito fraca. Spurgeon é tido entre nós como um grande herói da fé.
Ainda no inicio do século XIX, houve uma brecha na união da Igreja Presbiteriana, e Eduardo Carlos Pereira liderou um grupo por causa das suas convicções sobre a maçonaria na igreja. Nasceu, então, a Igreja Presbiteriana Independente.
Devemos concluir que a organização da igreja, como liderança e disciplina humana, é algo condenável? Obviamente que não, pois a própria Bíblia nos ensina que na igreja deve existir liderança, e que a esta os crentes devem ser fieis e obedientes para manter a unidade da igreja. Manter a união da igreja é importante para o sucesso da missão que Cristo nos entregou. Essa união, porem, precisa ser em Cristo, baseada na verdade da Palavra de Deus. A verdadeira união acontece quando todos os membros estão comprometidos na fidelidade total a Cristo e sua Palavra, e não quando somos comprometidos apenas um com o outro.
Na igreja de Cristo, um membro que não esteja ligado à verdade da Palavra de Deus deve ser afastado da união do grupo. “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2 Jo 1.9-11). Da mesma forma, quando um membro de uma igreja percebe que ela não esta (ou seus lideres) comprometida pelas suas convicções a uma ligação de total fidelidade às Escrituras, deve afastar-se dessa igreja “tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses” (2 Tm 3.5).
o curioso em tudo isso é que, quem procedeu assim no passado, é tido como herói, mas quem tem a ousadia de fazê-lo hoje, é vilão.


Cutucando O que as Igrejas Toleram e a Bíblia Reprova / Haroldo Reimer

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